Em discurso após encontro com o presidente espanhol, Pedro Sánchez, nesta quarta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre a "nova onda de investimentos" no país, criticou as privatizações e a continuidade da guerra na Ucrânia, defendeu a maior participação dos países no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro "será julgado em um tribunal internacional pela responsabilidade por ao menos metade" das 700 mil pessoas que morreram durante a pandemia de Covid-19 no país.
Cenário político e laços com a Espanha
No discurso, Lula afirmou que o Brasil está "de volta" ao cenário político internacional e reforçou a importância de "estreitar os laços" com o país europeu, que é o segundo principal investidor estrangeiro no Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos.
"A relação política é feita presencialmente e pessoalmente. O Brasil tem dívida de gratidão com a Espanha. A gente vai recuperar o que tinha construído, vai voltar a investir muito na educação, no ensino fundamental, nas universidades, pesquisa, cuidar da questão do clima com responsabilidade", afirmou.
Guerra na Ucrânia
Lula voltou a condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia e disse que "não pode haver dúvida" de que o Brasil condena a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas que é mais importante parar a guerra.
"O erro aconteceu, a guerra começou. Agora, não adianta ficar dizendo quem está certo ou errado, o que precisa é fazer a guerra parar. Você só vai discutir um acerto de contas quando pararem de dar tiros", afirmou.
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Críticas a Bolsonaro
Em mais um ataque ao ex-presidente, Lula afirmou que Bolsonaro foi responsável por responsável ao menos metade das 700 mil pessoas que morreram em decorrência da pandemia de Covid-19 no Brasil e que um dia ele será julgado em um tribunal internacional em função do gerenciamento durante a crise sanitária.
No discurso, Lula lembrou que Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid, e acusou o antecessor de atrasar a compra de vacinas contra a doença.
Maior participação no Conselho de Segurança da ONU
Durante a fala, Lula defendeu uma ampliação no número de assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU. Ele lembrou ainda que os membros do conselho são os "maiores produtores e vendedores de armas do mundo e os maiores participantes de guerra".
"Por que a Espanha, o Brasil, o Japão, a Alemanha, a Índia, a Nigéria, o Egito, a África do Sul não estão? Quem é que determina? Os vencedores da Segunda Guerra Mundial. Isso já faz muitos anos, a geografia do mundo mudou, a geopolítica mudou, a economia. Precisamos construir um novo mecanismo internacional que possa fazer coisas diferentes", disse.