Em vídeo de 2022, Gabriel Souza assegurou que alíquotas do IPE Saúde não seriam majoradas
Gravação circula em redes sociais e gera novo desgaste para o governo estadual nas discussões sobre as mudanças no sistema
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A polêmica envolvendo a proposta do governo do Estado para a reestruturação do IPE Saúde ganhou as redes sociais. Desde a segunda-feira, um vídeo gravado durante a campanha eleitoral de 2022 circula em grupos de whatsapp e passou a ser compartilhado também em redes de deputados de oposição. O vídeo mostra o vice-governador Gabriel Souza (MDB), então ainda na condição de candidato, assegurando que as alíquotas de contribuição do sistema não seriam aumentadas. As imagens foram captadas durante uma apresentação do emedebista a integrantes da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública.
Ao contrário do que o candidato aparece informando no vídeo, a proposta do governo, conhecida há duas semanas, prevê, entre outros pontos, a elevação de alíquotas dos atuais 3,1% para 3,6%. A elevação das alíquotas não é o ponto mais polêmico do projeto gestado pelo Executivo. Mas a diferença entre o afirmado por Gabriel enquanto candidato e o que o governo apresentou de fato ressuscitou nos debates do IPE Saúde um argumento usado de forma recorrente por adversários do governador Eduardo Leite (PSDB). Eles costumam utilizar como exemplos, entre outros, a candidatura do tucano à reeleição e a venda da Corsan para atribuir a Leite a pecha de ‘sem palavra’.
Em 2022, durante sabatina, o então candidato a vice-governador, Gabriel Souza, rejeita o aumento de alíquotas do IPE Saúde. ⬇️⬇️⬇️ pic.twitter.com/7HAGvIzMV7
— CpPolítica (@CpPolitica) April 25, 2023
No vídeo com Gabriel, o vice inicialmente diz que a candidatura que representa não quer aumentar alíquotas. Contudo, ante a insistência de uma das participantes sobre a diferença entre “não queremos” e “não vamos”, ele é mais claro.
“Então vou dizer: não vamos aumentar alíquota. Acho que fica melhor. Porque, eu concordo com a senhora, se aumentar alíquota, vamos afugentar ainda mais os servidores, e esses servidores vão ir para o SUS. Então não adianta aumentar alíquota, é uma coisa meio lógica. Se aumenta alíquota tira vidas do IPE Saúde e para onde vão essas vidas? Para o Estado. Então o Estado vai pagar igual. Aumento o problema no IPE Saúde e aumento o problema no SUS. Esse é o resultado do simples aumento de alíquota. Não é lógico nem do ponto de vista fiscal”, diz Gabriel. Na sequência, o emedebista informa que a elevação de alíquotas não está no plano de governo da chapa e assegura nunca ter ouvido “o Eduardo falar sobre aumento de alíquota.”
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Ao final, Gabriel faz uma ressalva de que o assunto é complexo e precisa ser emergencialmente resolvido. E elenca uma espécie de resumo. “O que a gente pode dizer aqui sucintamente é que temos simpatia pela pauta da paridade, queremos estabelecer uma mesa periódica de negociação, uma mesa de diálogo ordinária, e que, essa questão do IPE Saúde, nosso compromisso é resolver no primeiro semestre. E tem a pauta das auditorias, que são fundamentais em qualquer sistema de saúde.”
O Correio do Povo entrou em contato com a assessoria do vice-governador para solicitar uma manifestação a respeito e aguarda retorno.