As declarações do presidente Lula sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, feitas durante missão ao exterior, causaram a escalada de hostilidades ao petista em Lisboa, capital que o recebe na semana que vem em missão oficial. Além dos protestos do ultra direitista Chega, agora o PSD português investiu contra o governo do país, exigindo a contestação das declarações de Lula, para quem “a decisão da guerra foi tomada pelos dois países” e Europa e Estados Unidos apenas “contribuem para a continuação” do conflito.
A irritação com as posições do presidente brasileiro foi expressa por um dos principais líderes da oposição ao governo do socialista Antônio Costa, o vice-presidente do PSD, deputado Paulo Rangel, que atacou o “desassombro” de Lula: “o presidente do Brasil fala da cumplicidade e intervenção da UE e procura suavizar ou omitir a responsabilidade do regime de Putin”. E cobrou: “o primeiro-ministro Antônio Costa deverá afirmar a posição de Portugal a favor do direito internacional, da integridade territorial da soberania ucraniana e da paz."
O líder da Iniciativa Liberal defende que o parlamento não tem mais condições de receber o petista, após as manifestações sobre o conflito no Leste Europeu. Rui Rocha lembrou que a mesma Assembleia que convidou Volodmir Zelensky, presidente da Ucrânia, para discursar há apenas um ano, não deveria “receber um aliado de Putin”.
André Ventura, do Chega, principal opositor à visita de Lula, considerou as declarações “ultrajantes”. O partido convocou manifestantes contra o presidente do Brasil para a frente da Congresso. O ponto alto da visita da comitiva brasileira deve transcorrer em 25 de abril, data simbólica para o país, quando se comemora 49 anos da Revolução dos Cravos, movimento que depôs o regime militar e restaurou a democracia no país.
As contestações forçaram o PS, de Costa, a se equilibrar entre reafirmar de condenação à Rússia e apoio à Ucrânia sem melindrar o chefe de estado convidado a Lisboa. Ao fazê-lo, a deputada Jamila Madeira, que se ocupa das questões de relações internacionais, destacou a esforço de Lula na “busca pela paz”.