Fala de Lula sobre Ucrânia azeda clima em Lisboa às vésperas de visita

Fala de Lula sobre Ucrânia azeda clima em Lisboa às vésperas de visita

Partidos de oposição portugueses exigem contestação formal ao petista, que decola para Lisboa no sábado

Christina Lemos / R7

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o chanceler de Portugal

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As declarações do presidente Lula sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, feitas durante missão ao exterior, causaram a escalada de hostilidades ao petista em Lisboa, capital que o recebe na semana que vem em missão oficial. Além dos protestos do ultra direitista Chega, agora o PSD português investiu contra o governo do país, exigindo a contestação das declarações de Lula, para quem “a decisão da guerra foi tomada pelos dois países” e Europa e Estados Unidos apenas “contribuem para a continuação” do conflito. 

A irritação com as posições do presidente brasileiro foi expressa por um dos principais líderes da oposição ao governo do socialista Antônio Costa, o vice-presidente do PSD, deputado Paulo Rangel, que atacou o “desassombro” de Lula: “o presidente do Brasil fala da cumplicidade e intervenção da UE e procura suavizar ou omitir a responsabilidade do regime de Putin”. E cobrou:  “o primeiro-ministro Antônio Costa deverá afirmar a posição de Portugal a favor do direito internacional, da integridade territorial da soberania ucraniana e da paz."

O líder da Iniciativa Liberal defende que o parlamento não tem mais condições de receber o petista, após as manifestações sobre o conflito no Leste Europeu. Rui Rocha lembrou que a mesma Assembleia que convidou Volodmir Zelensky, presidente da Ucrânia, para discursar há apenas um ano, não deveria “receber um aliado de Putin”. 

André Ventura, do Chega, principal opositor à visita de Lula, considerou as declarações “ultrajantes”. O partido convocou manifestantes contra o presidente do Brasil para a frente da Congresso. O ponto alto da visita da comitiva brasileira deve transcorrer em 25 de abril, data simbólica para o país, quando se comemora 49 anos da Revolução dos Cravos, movimento que depôs o regime militar e restaurou a democracia no país.

As contestações forçaram o PS, de Costa, a se equilibrar entre reafirmar de condenação à Rússia e apoio à Ucrânia sem melindrar o chefe de estado convidado a Lisboa. Ao fazê-lo, a deputada Jamila Madeira, que se ocupa das questões de relações internacionais, destacou a esforço de Lula na “busca pela paz”.


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