Compra de máquinas é maior entre os agricultores familiares

Compra de máquinas é maior entre os agricultores familiares

São José Industrial e a LS Tractor, fabricantes de máquinas, têm condições para perfis diferenciados

Correio do Povo

Produtor Valmir Schlickmann ao lado de um H145 da LS Tractor

publicidade

A percepção do produtor rural de que é preciso trabalhar, independentemente do governo eleito para comandar o país na última eleição, é quase unânime na 35ª edição do Show Rural Coopavel. A realização de negócios, no entanto, difere de um perfil produtivo para outro. Enquanto as multinacionais e as grandes fabricantes de máquinas e implementos agrícolas visam negócios em médio e longo prazo, as de menor porte, onde as vendas oscilam entre R$ 30 e R$ 100 mil, comemoram a procura de implementos com entrega imediata.

“Percebemos um otimismo dos produtores e concessionários, nitidamente, o ânimo em fazer negócios, seja por parte do produtor, aproveitando as condições especiais da feira, como dos concessionários, que fecham pacotes, já com projeção aos próximos meses, com cenário de preparo de solo”, assegura o coordenador de Marketing da São José Industrial, Daniel Ribeiro. As vendas são realizadas principalmente para agricultores familiares do Paraná, que praticamente não tiveram perdas com estiagem neste ano e estão capitalizados. 

Por necessidade imediata, a procura por equipamento para a colheita da safra 2022/2023 desponta, diz Ribeiro, principalmente porque o público da empresa nao depende de financiamento bancário. “O perfil de investimento em nossos equipamentos vai até R$ 150 mil. Ou a revenda ou a cooperativa financia o produtor”, revela. Na sequência, estão os equipamentos para preparação de solo no Paraná, em São Paulo, em Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina, para avicultura, suinocultura, produção de leite, piscicultura, atividades realizadas em áreas entre 50 hectares e 100 hectares. “No Rio Grande do Sul, a expectativa de venda volta-se para a Expodireto Cotrijal”, avalia. 

A avicultura também é o foco da LS Tractor neste Show Rural. A fabricante trouxe como carro-chefe um modelo voltado para uso “in door”, em ambientes fechados, que serve para o manejo da cama de frango, por exemplo. “É a máquina dentro do galpão, dentro de uma estufa”, detalha o gerente de Marketing da LS Tractor, Astor Kilpp. A estratégia, no entanto, também acolhe outros perfis produtivos, mas estimula o relacionamento com clientes que utilizam financiamento federal. “Fizemos um local muito confortável, cuidando de detalhes para que os clientes se sintam bem, buscando a aproximação da realidade do produtor”, destaca.

Coordenador de Marketing da São José Industrial, Daniel Ribeiro, explica as caracteristicas de máquina agrícola à imprensa | Foto: Thaíse Teixeira / Especial / CP.

No estande, localizado logo na entrada do Parque Tecnológico Coopavel, em Cascavel, é comum ver pais acompanhados dos filhos na busca por tecnologia. “O jovem quer acabar com o desperdício na propriedade. É a grande revolução que vai acontecer com a tecnologia no campo, de cinco a dez anos, como foi quando chegou o plantio direto e desafiou o produtor a plantar sem virar o solo”, compara. Valmir Schlickmann, produtor de soja, milho e trigo em Três Barras do Paraná, município do Oeste paranaense, e cliente da LS Tractor, é um dos que esteve no Show Rural Digital apenas para “olhar”. Esperando o início da colheita de verão e sem perspectiva de financiamento oficial, preferiu não arriscar um novo investimento. Mas marcou presença no estande da fabricante e estreitou relacionamentos. “Não queremos arriscar tanto. Estamos aguardando um pouco para ver qual será a realidade da produção deste ano, já que os juros de banco não são compatíveis com nossa realidade”, desabafa.

Com um filho universitário estudando agronomia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o produtor planta 220 hectares que, juntamente com áreas arrendadas, chegam a 310 hectares. A totalidade da área é semeada com soja, o carro-chefe da propriedade. Na sequência, Schlickmann planta a safrinha de milho e a de trigo. “Mas, este ano, vamos ampliar a área de trigo por causa da rentabilidade”, adianta.

A gestão da propriedade ainda é feita no papel, mas o produtor conta com plantadeira, colheitadeira e pulverizador. E assegura que a tecnologia não está somente no maquinário, mas no conhecimento aplicado à qualidade do solo, do manejo e das cultivares escolhidas. “Não é ser um simples agricultor. Não pode ir atrás de várias outras opiniões porque cada um tem a sua, assim como cada um tem a sua realidade”, argumenta. Schlickmann, que aproveita a exposição para conhecer as novidades em tecnologia, defende que as inovações sejam aplicadas de acordo com a necessidade de cada produtor ao longo do tempo. “A feira deixa um conhecimento para que, futuramente, a gente possa aplicar na própria agricultura”, diz.

Veja Também


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895