Alternativas de renda para comunidades tradicionais são debatidas na Expointer

Alternativas de renda para comunidades tradicionais são debatidas na Expointer

Emater e Seapdr trouxeram projetos já feitos e pensaram em soluções futuras para indígenas, quilombolas e pescadores artesanais

Carolina Pastl*

A pesca artesanal é caracterizada pela mão de obra familiar

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A Emater e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) debateram políticas municipais, estaduais e federais para gerar renda a comunidades tradicionais, como quilombolas, indígenas e pescadores artesanais, em live desta sexta-feira, durante a Expointer Digital. Para tanto, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Agrário, Pesqueiro, Aquícola, Indígenas e Quilombolas da Seapdr, Mauricio Neuhaus, lembrou da necessidade de se garantir a subsistência alimentar desses povos primeiramente, bem como promover a regularização fundiária de suas áreas.

Em relação à pescaria artesanal, a coordenadora estadual de Pesca da Emater, Ana Spinelli, explicou que a instituição tem trabalhado com feiras, cooperativas, venda direta, turismo de várzea comunitária, plano de manejo sustentável com participação social, selo de sustentabilidade socioambiental e promoção de cadeias curtas para alavancar mercados e, consequentemente, gerar renda. “Mas é preciso trabalhar mais com a ideia de que métodos de pesca variam e que há diversidade de peixes de acordo com a sazonalidade”, explica Ana, referindo-se às exigências do mercado.

Sobre os indígenas, a coordenadora estadual para a ATER Indígena da Emater, Mariana Soares, explicou que, antes de tudo, é necessário lembrar da diferença cultural. “A terra, para os indígenas, não tem um conceito utilitarista como possui para nós. Além disso, o principal objetivo deles é produzir seu alimento e não vendê-lo”, esclarece. O problema desses povos é que suas terras, “que são o que lhes sobraram desde o período Colonial”, são inadequadas para produção alimentícia. “Precisamos de políticas públicas indianistas e de cadeias curtas e institucionais, com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), para facilitar a comercialização de produtos.” No Rio Grande do Sul, hoje, há três etnias indígenas: charrua (1 aldeia), guarani (53 aldeias) e kaingang (157 aldeias), dispersas em 69 municípios.

Já os quilombolas têm dificuldade de acessar insumos, mercados e políticas públicas por causa da distância da comunidade de centros urbanos e da extrema pobreza. Para solucionar isso em Pelotas, o extensionista rural social Emater, Robson Loeck, conta que, em 2015, se criou o Comitê Gestor Municipal Quilombola. “Esse grupo têm trazido mais visibilidade às comunidades quilombolas, participação em espaços públicos, qualificações do atendimento no cadastro único, acesso ao talão do produtor rural e acesso a políticas públicas, como o PAA”, enumera. De acordo com a responsável pelo atendimento a Comunidades Quilombolas da Emater, Regina Miranda, hoje, o Estado tem 4.986 famílias assistidas pela instituição e 136 comunidades quilombolas, em 65 municípios.

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*Sob supervisão de Elder Ogliari


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