Projeto começa a atender pecuaristas do bioma Pampa para montar projetos sustentáveis

Projeto começa a atender pecuaristas do bioma Pampa para montar projetos sustentáveis

Alianza Mais é executado pela Save Brasil e pelo BRDE e conta com recursos para financiamento

Correio do Povo

Projeto tenta promover coexistência de diferentes sistemas de produção no Pampa

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O atendimento técnico a campo de 100 produtores rurais comprometidos com a conservação dos campos nativos do bioma Pampa vai se iniciar em setembro. O trabalho integra o projeto Alianza Mais, executado pela Save Brasil e pelo BRDE, com financiamento do Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial (FFEM), viabilizado pela Alianza del Pastizal, para apoiar a produção sustentável no bioma. A parceria prevê investimentos de 7 milhões de euros nos próximos cinco anos, com aporte de 2 milhões de euros do FFEM. 

O coordenador da Alianza del Pastizal, Pedro Pascotini, informa que o atendimento técnico aos pecuaristas, em grupo e individual, será feito a partir de convênio que será assinado nesta quarta-feira com o Sebrae-RS. “A Aliança tem hoje 308 produtores certificados, e os outros terão oportunidade de receber atendimento, acessar conhecimento técnico de manejo de campo nativo”, afirma. “Além de fazer o atendimento técnico daqui para frente, também vamos começar a construir mecanismos para auxiliar o produtor a montar projetos, para entender quais os melhores investimentos para a propriedade”, afirma Pascotini.

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O diretor técnico da Alianza del Pastizal, Michael Carroll, lembra que, embora o projeto Alianza Mais esteja começando agora com o atendimento a campo, a iniciativa trabalha desde 2006 com financiamento de base e outros apoios internacionais que garantem seu funcionamento. Neste ano, a Alianza del Pastizal já realizou certificações, eventos e palestras, entre outras atividades. “O financiamento da França e a parceria com o BRDE estão focando na linha de crédito, para demonstrar ao produtor que existem linhas mais favoráveis para a pecuária e que vale a pena investir na conservação da biodiversidade”, disse Carroll.

A ocupação de áreas do Pampa pela agricultura é um ponto de atenção nas ações na região. “No longo prazo, temos nossa convicção de que a pecuária é mais rentável, mais estável. Pontualmente a soja pode deixar mais dinheiro para o produtor, mas com custo ambiental mais alto, degradação de solo e conservação de biodiversidade”, ressalta Carroll. Conforme o diretor, o desejo seria diminuir a velocidade de avanço da soja. “Tentamos avançar com uma visão mais holística, tentar promover a coexistência de diferentes sistemas de produção, onde a pecuária continua sendo mais rentável do que hoje e por isso precisa ser mais eficiente, produzir mais por hectares”, defendeu.

Pascotini ressalta que os pecuaristas do Pampa têm uma oportunidade quase exclusiva de ter produção que pode ser rentável em área natural. “Com descarbonização das cadeias do agro e a demanda de produtos sustentáveis, a pecuária tem a oportunidade de dar esse recado de que é possível produzir e conservar”, destacou.


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