Irrigação deve ser tema permanente no Rio Grande do Sul

Irrigação deve ser tema permanente no Rio Grande do Sul

No último painel do ciclo de debates Correio Rural, especialistas avaliaram importância dos investimentos

Correio do Povo

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Diante da intensificação das mudanças climáticas, em especial da estiagem, a necessidade de projetos e iniciativas relacionadas à irrigação são fundamentais para sustentar o crescimento produtivo. O assunto foi discutido no painel que encerrou o Ciclo de Debates Correio Rural, na Expodireto 2023, que teve como temática “Brasil rumo ao protagonismo produtivo sustentável”.

Os debates aconteceram na casa do Correio do Povo, no Parque da Expodireto, em Não-Me-Toque, e contaram com apoio da Cotrijal, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), da Jacto, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS) e da LS Tractor.

Para o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, o debate sobre a irrigação passa, neste momento, também pela discussão sobre a legislação ambiental no Estado e no país. “Chegou o momento de nós, no Rio Grande do Sul, junto com todas as entidades, com Ministério Público e com o governos aperfeiçoar a lei ambiental, e o que for federal temos de discutir com os nossos deputados e senadores, para criar um cenário permanente”, enfatizou ele, ressaltando que a estiagem tem sido recorrente no Estado e a busca de soluções é fundamental.

Para ilustrar a importância da irrigação, o presidente cita como exemplo os espaços na própria Expodireto. “É possível ver os plots que foram plantados da produção vegetal, tanto de soja quanto de milho, num desenvolvimento fantástico, com crescimento ótimo, com grãos já consolidados. E tudo isso deve-se à irrigação que se fez desde o início do seu plantio até hoje”, disse, citando que mesmo sem chuva, a irrigação é feita por meio de um lago dentro da estrutura do parque. “Queremos que uma vez por todas seja entendida a importância da retenção de água, nunca prejudicando a questão ambiental. É equacionando o sistema”, enfatizou. “O assunto é recorrente. Chegou o momento de sermos mais proativos. Fazermos ações concretas. Não podemos fazer reunião para marcar reunião”, disse.

"O assunto é recorrente. Chegou o momento de sermos mais proativos. Fazermos ações concretas". Nei César Manica, Presidente da Cotrijal |  Foto: Alina Souza

O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs), Darci Hartmann, ressaltou a necessidade de uma política de Estado que perpasse pelos governos. “Precisamos realmente discutir e desdobrar a questão da irrigação para além deste período (de estiagem)”, afirmou. O assunto, pontuou, precisa ser compreendido a partir de três aspectos fundamentais: da reserva de água e dos processos ambientais a ela relacionados; da garantia de energia e dos equipamentos.

Hartmann ressalta ainda que é preciso ter um conhecimento maior sobre a capacidade gaúcha de irrigar. “Não temos isso. Quantos por cento de produtores têm capacidade de irrigar? Qual o percentual da propriedade? E como iremos fazer esse trabalho? “, questionou.

"Falamos em irrigação em termos gerais. Quanto por cento dos produtores têm capacidade de irrigar?" Darci Hartmann, Presidente do Sistema Ocergs |  Foto: Alina Souza

O diretor de Crédito do Banrisul, Osvaldo Lobo Pires, lembra que apesar de o problema ser histórico no RS, parte das medidas de enfrentamento é adotada apenas durante a seca. “Agora, quando vivemos o terceiro ano consecutivo de estiagem, se coloca um farol no assunto e se enxerga o problema de maneira robusta e com a importância que ele merece”, avaliou. Mas garante que o Banrisul atua forte no Estado com a missão de conectar as ações de Estado com as soluções financeiras ofertadas automaticamente. “Não tratamos a irrigação como um produto, mas como um projeto estratégico. Em nosso entender, esse é um dos melhores seguros que o produtor rural pode investir”, avaliou, colocando na balança o prejuízo que o produtor tem na propriedade diante das perdas com a estiagem.

"“Não tratamos a irrigação como um produto, mas como um projeto estratégico." Osvaldo Pires, Diretor de Crédito do Banrisul |  Foto: Alina Souza

A irrigação deve ser pensada da maneira mais adequada para cada cultura, lembrou o coordenador de Apoio Estratégico do Senar/RS, Umberto Moraes, citando como exemplo a produção da uva de mesa, na Serra gaúcha. Os ganhos dos viticultores que optaram pela modalidade de irrigação por gotejamento e de telhado tornaram-se diferenciados. “Somos uma usina a céu aberto. Vivemos com falta e excesso de chuva ou granizo. Isso não depende de nós. Mas, como produtores rurais, temos de pensar como melhorar os nossos sistemas produtivos”, ponderou.

"Como produtores, temos que pensar o que vamos fazer para melhorar os nossos sistemas produtivos." Umberto Moraes, Coordenador de Apoio Estratégico do Senar/RS |  Foto: Alina Souza

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