Cenário traz boas perspectivas para a comercialização de safra de trigo
Com bons preços e redução nos custos, perspectiva é para este ano é de aumento de área
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Com safras cheias e boa comercialização nos últimos dois anos, 70% das cerca de 6 milhões de toneladas de trigo colhidas no Rio Grande do Sul já foram vendidas e espera-se um bom escoamento para os 30% restantes, como afirmou o analista na Safras & Mercado Élcio Bento. O analista foi um dos palestrantes do Fórum do Trigo, que ocorreu nesta quarta-feira (8) na 23ª Expodireto Cotrijal. “E para a safra que vem temos a perspectiva de um novo aumento de área porque o produtor está ganhando bem e o custo de produção está menor”, completa.
Bento também comentou sobre a situação de conflito entre Ucrânia e Rússia e como ela influencia hoje no mercado do trigo. “A guerra ainda é um fator de incerteza, essa questão de abertura ou não, prorrogação do corredor de exportação, é uma incerteza, mas hoje afeta menos o mercado”, disse o analista. Ele lembra que a crise no abastecimento que esperava-se em decorrência do conflito não se concretizou, o que hoje mantém mais estabilidade no mercado.
Quanto às perspectivas para o futuro, além de o Brasil estar na direção da autossuficiência de trigo, que deve ocorrer em cerca de cinco anos, há novas oportunidades de mercado às quais produtores e pesquisadores devem ficar atentos, como disse o chefe geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, outro palestrante no fórum. Segundo ele, uma dessas oportunidades é o trigo para alimentação animal. “Nós estamos no terceiro ano com um déficit gigantesco de milho que coloca em risco o avanço das cadeias de abate de animais e fábricas de ração, fundamentais para o Rio Grande do Sul”, enfatizou Lemainski.
Assim, a pesquisa brasileira tem o novo desafio em melhoramento de cultivares. “Depois de todo o movimento que se fez para qualificar o trigo para pão, biscoito e macarrão, agora abre-se uma nova vertente do trigo específico para alimentação animal”, disse o chefe geral. Outra oportunidade que Lemainski menciona está relacionada ao potencial de fixação de carbono do trigo em um contexto de preocupação com as mudanças climáticas e abertura de mercados para créditos de carbono.
Para que mais produtores consigam aproveitar essas oportunidades, Lemainski destaca que a pesquisa ainda precisa enfrentar desafios como a eliminação de elementos do grão que prejudicam suínos, o controle da brusone e do estresse hídrico no cerrado e da giberela e germinação na espiga na região Sul. “Vencido isso, asseguro: o trigo fará o mesmo caminho que a soja e o milho fizeram no brasil e, assim, mudaremos a geopolítica do mundo”, concluiu.