Mudança climática ameaça segurança alimentar na América Latina, alerta OMM
Fenômenos como secas, que devem se intensificar em partes da região, causaram queda de 2,6% na safra de cereais na temporada 2020/2021
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Considerados sistemas vitais na América Latina e no Caribe Geleiras, os recifes de corais e a Floresta Amazônica estão em situação quase "crítica" e "irreversível", devido às mudanças climáticas, aponta um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado na sexta-feira (22). A OMM prevê uma deterioração na área dos ecossistemas naturais e das populações, o que dificultará as colheitas e o abastecimento de alimentos e de água.
O relatório da instituição analisa números de 2021, entre os quais se destacam a taxa de desmatamento, a maior desde 2009, e a perda de mais de 30% da superfície das geleiras em menos de 50 anos. A tendência de aquecimento da temperatura continua em curso, seguindo uma taxa de aumento de 0,2°C por década entre 1991 e 2021, o dobro da registrada a cada dez anos entre 1961 e 1990. Entre outros dados, a OMM destaca que o Chile lidera a crise hídrica na região, devido à seca na zona central do país, pelo 13o ano consecutivo - a mais longa da América Latina e do Caribe no último milênio. No relatório, estima-se que as secas se intensificarão na Amazônia, no nordeste do Brasil, na América Central, no Caribe e em partes do México.
De acordo com a OMM, o impacto das mudanças climáticas na América Latina e no Caribe afeta todo o planeta, principalmente devido à diminuição da área da Floresta Amazônica, que em 2021 perdeu 22% a mais que no ano anterior. Os mercados agrícolas ao redor do mundo também sofreram com a redução das safras, principalmente de milho e soja, devido à seca na bacia do Paraná-Prata. Entre 2020 e 2021, a safra de cereais caiu 2,6% na América Latina em relação à temporada anterior.
A OMM insiste na necessidade de uma ação coordenada “baseada na ciência”. "É necessário serviços climáticos, sistemas de alerta precoce de ponta a ponta e investimentos sustentáveis, mas ainda não foram implantados adequadamente na região da América Latina e do Caribe”, conclui o relatório.