CNA entrega propostas para o Plano Safra 2022/2023

CNA entrega propostas para o Plano Safra 2022/2023

Setor pede R$ 21,8 bilhões para subsidiar juros de operações de financiamento, além de taxas abaixo de dois dígitos

Patrícia Feiten

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A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) entregou nesta terça-feira (17) ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suas propostas para o Plano Safra 2022/2023, que garantirá apoio à produção agropecuária brasileira de junho deste ano até junho de 2023. A principal demanda é um aporte de R$ 21,8 bilhões para a equalização de juros do crédito rural. O valor é 67,8% superior ao prometido pelo Tesouro Nacional para a subvenção dessas operações na safra 2021/22. Para chegar a essa cifra, a CNA diz que levou em conta o aumento dos custos da lavoura desde o ciclo passado, as perdas causadas por problemas climáticos no país e as elevações consecutivas da taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 12,75% ao ano. 

O setor pede ainda juros abaixo de dois dígitos nos financiamentos do próximo plano, além de garantia de R$ 1,5 bilhão para subvenção ao prêmio de seguro rural em 2022 e R$ 2 bilhões para 2023. O argumento é que, com os custos de produção maiores e a ocorrência de estiagens e enchentes em vários estados, os prêmios ficaram mais caros e exigem maior volume de subvenção. “Fizemos uma proposta para o Plano Safra que beneficia os produtores, sejam eles pequenos, médios e grandes, mas que também trará benefícios para a população brasileira e sustentação para a produção de alimentos para todos”, destacou o presidente do Sistema CNA/Senar, João Martins.

Segundo o secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Bastos, o governo ainda não tem data definida para o anúncio do Plano Safra 2022/2023 e as propostas da CNA serão avaliadas frente às restrições orçamentárias. “Trabalhar com taxas negativas é um problema, porque acaba havendo um esgotamento rápido de recursos, e isso a gente não quer nesse momento”, ponderou.

Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, os pedidos do setor podem esbarrar no caixa apertado. “Se o governo atender às medidas, a agricultura vai custar para a União 0,2% do Orçamento, continua insignificante”, afirma. O economista lembra, porém, que as novas contratações de financiamento do Plano Safra atual continuam suspensas, mesmo após a aprovação do PLN1, que abriu um crédito suplementar de R$ 868 milhões no orçamento da União para a equalização de juros no ciclo atual. “Estamos desde 7 de fevereiro sem Plano Safra, então fica muito difícil termos ideias de perspectiva para o próximo”, avalia.

 


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