Próxima safra desafia agricultor a produzir mais para pagar custos

Próxima safra desafia agricultor a produzir mais para pagar custos

Novos patamares de custos devem trazer queda de 20,41% à rentabilidade da soja e de 50,25% à de milho, indica FecoAgro

Maria Amélia Vargas

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A primeira projeção de custos de produção das lavouras de soja e milho do Rio Grande do Sul na safra 2022/23 aponta para grande restrição na oferta de insumos, baixa disponibilidade de crédito e possíveis elevações das taxas de juros. Esse é o cenário previsto pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), divulgado ontem, com base em preços praticados em 1º de maio deste ano. 


O levantamento indica que novos patamares de custos devem trazer queda de 20,41% à rentabilidade das lavouras de soja e de 50,25% às de milho, mesmo que os preços continuem aquecidos. Por essa razão, o economista da entidade, Tarcisio Minetto, alerta que produtor terá de ser mais assertivo no planejamento. “É fundamental fazer uma boa análise do solo para evitar desperdícios, pois a oferta de insumos pode sofrer restrições e os juros, subirem”, afirma Minetto.


O maior impacto será sentido na relação de troca entre a produtividade e o custo total de produção. O salto mais significativo ocorrerá no cultivo do milho, que requer mais insumos que a soja. Segundo a FecoAgro, para cobrir os custos de produção na próxima safra, o produtor terá de produzir 55,83% a mais do que no ciclo anterior. Na prática, terá de colher 117,32 sacas por hectare, ante as 75,19 da safra 2021/22. Os custos variáveis elevam a mesma relação em 71,43%, exigindo produtividade mínima de 88,63 sacas frente às atuais 51,63 sacas/hectare. 


Para cobrir os custos totais da soja, será necessário produzir 32,80% a mais, saindo das 29,10 sacas/hectare para 38,64 sacas/hectare. Nos custos variáveis, o salto é de 42,79%, com a relação de troca chegando a 26,81 sacas/hectare, ante 18,78 sacas/hectare da safra anterior. 


O estudo também apresenta a segunda revisão dos custos de trigo desta safra, sinalizando aumento de 51,71% no acumulado nos últimos 12 meses.

 


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