Chuva e altas temperaturas antecipam casos de ferrugem asiática na soja

Chuva e altas temperaturas antecipam casos de ferrugem asiática na soja

Programa Monitora Ferrugem RS identifica maior parte dos focos na Metade Sul e na porção Central do Estado

Itamar Pelizzaro

Ferrugem asiática é considerada a principal doença da cultura da soja

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A presença de esporos da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) em lavouras gaúchas impõe atenção aos agricultores no começo do ciclo, cuja semeadura sofre atrasos em razão do excesso de chuvas no Estado. “Está havendo identificação de esporos em grande número na Metade Sul e na porção Central do Estado, além de presença de maneira descentralizada na porção Norte”, alerta o chefe do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Ricardo Felicetti. O mapa mais recente do Programa de Monitoramento da Ferrugem Asiática da Soja no RS indica maior concentração na região de Piratini, com ocorrência de 50 a 100 esporos em coletores instalados (veja abaixo).

A persistente umidade, as temperaturas altas e a presença dos esporos potencializa o risco de ocorrência da ferrugem asiática da soja nas plantações. “Isso era de fato esperado, tendo em vista o grande volume de chuva que vem ocorrendo no Estado, acarretado pelo fenômeno El Niño”, diz Felicetti. “É possível que a doença se manifeste de maneira precoce, uma vez que os plantios estão recentes”, complementa. Até a semana passada, conforme boletim da Emater/RS-Ascar, 76% das lavouras haviam sido semeadas no Estado.

A orientação aos produtores é de observar atentamente os tratamentos fitossanitários recomendados e ter acompanhamento dos responsáveis técnicos. O controle da doença exige manejo integrado, com monitoramento do surgimento de esporos, estruturas de disseminação do fungo que geram o desenvolvimento da ferrugem em condições climáticas adequadas. “O monitoramento busca subsídios para ações precoces de enfrentamento da doença, já que os ingredientes ativos podem ter sua eficiência dificultada em virtude da grande presença dos esporos da ferrugem no Estado”, disse Felicetti.

A manifestação da doença não tem acompanhamento em tempo real. A identificação dos esporos tem um lapso de uma semana, porque precisam ser analisados e identificados em laboratório. Em novembro, a Seapi concluiu a instalação de 70 coletores de esporos em 70 municípios, de diferentes regiões. Para o monitoramento, desde 2021 o Estado conta com o programa específico, conduzido pela Seapi, Emater/RS-Ascar e 10 parceiros, entre laboratórios de análise fitossanitária e instituições de ensino e pesquisa.  O programa tenta controlar a presença do fungo e identificar as condições meteorológicas favoráveis ao aparecimento da doença para gerar o prognóstico de sua ocorrência.

A doença

Considerada a principal doença da cultura da soja, a ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Para sua ocorrência e disseminação, além do patógeno (o fungo) e do hospedeiro (soja), é necessário ambiente favorável, com molhamento foliar e temperaturas entre 15ºC e 28ºC.  Os sintomas iniciais geralmente se manifestam como pontos escuros, inicialmente na face inferior das folhas. Com a evolução dos sintomas, a folha se torna amarelada, semelhante à ferrugem, dando origem ao nome da doença.

O Programa Monitora Ferrugem RS tem como estratégia metodológica detectar a presença de esporos associada às condições meteorológicas, para gerar mapas indicativos de predisposição da ocorrência da FAS e auxiliar técnicos e produtores, na tomada de decisão e adoção de medidas de manejo da doença.

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