Arroz atinge maior preço desde julho de 2005

Arroz atinge maior preço desde julho de 2005

Entressafra, restrições da Índia a exportações e bom ritmo de embarques do Brasil sustentam alta de cotações

Patrícia Feiten

Orizicultores comercializam cereal colhido na safra 2022/2023

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Favorecidos pela redução na oferta, os preços do arroz em casca seguem firmes neste início de novembro, acompanhando a tendência verificada desde o final de junho. De acordo com o indicador Cepea/IRGA-RS, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a cotação da saca de 50 quilos atingiu R$ 109,90 na terça-feira (7), um aumento de 0,76% frente ao dia anterior. É o maior valor nominal registrado na série histórica do levantamento, iniciado em julho de 2005.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, explica que a recuperação dos preços reflete um conjunto de fatores, como o período de entressafra, a demanda internacional e as restrições aplicadas às exportações do cereal pela Índia, que representa 40% das vendas externas do grão. “Estamos chegando no pico da entressafra. O Paraguai começa a colher somente na virada do ano, e o Uruguai praticamente não tem mais arroz, então diminuiu bastante a oferta no Mercosul”, afirma o agricultor. A safra dos Estados Unidos, acrescenta, começa a ser colhida agora, mas estará disponível para negócios apenas a partir de janeiro, o que ajuda a sustentar as boas cotações.

Segundo Velho, também colaboram para a alta o aquecimento do mercado interno e o bom ritmo dos embarques brasileiros de arroz, graças ao retorno do dólar ao patamar de R$ 5, que estimula as exportações. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou 748,1 mil toneladas do cereal, volume 7,3% superior ao do mesmo período de 2022, de acordo com dados da plataforma Comex Stat, do governo federal. Apesar da expectativa de estabilidade para o grão, Velho lembra que os custos da lavoura arrozeira dispararam 60%, em média, nos últimos dois anos. “A safra 2022/2023, que estamos vendendo agora, foi uma safra de custos altíssimos. Este preço hoje é remunerador, mas um número muito pequeno de produtores tem arroz disponível para venda. O preço está se aproximando da paridade internacional, o que deve trazer uma calma para o mercado”, avalia o agricultor.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na segunda-feira, a semeadura do arroz no Rio Grande do Sul já foi concluída em 64,31% da área total de cultivo, projetada em 902.424 hectares no ciclo 2023/2024. As chuvas excessivas atrapalharam os trabalhos de preparo do solo e plantio, principalmente na Região Central e na Fronteira Oeste, diz o presidente da Federarroz. “Parte da lavoura gaúcha deve ser plantada após o dia 15 de novembro, e a melhor janela ou a janela de semeadura indicada se encerra em 15 de novembro”, observa Velho.


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