Copom deve confirmar novo corte na taxa Selic, mas condições fiscais geram incerteza no agro
Comitê de Política Monetária deve confirmar queda em reunião nesta terça e quarta-feiras
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Dado como certo pelo mercado, o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, deve ser confirmado nesta terça e quarta-feiras em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A expectativa é de corte dos atuais 12,75% ao ano para 12,25% ao ano, segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do BC com analistas de mercado. Apesar da iminente queda nesta semana, já sinalizada na Ata do Copom, a continuidade do ciclo baixista iniciado em agosto, com perspectivas de fechar 2023 com taxa de 11,75%, ganhou tons de incerteza, na avaliação do economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.
“As condições fiscais do Brasil estão indo para um ponto que tornará difícil a redução dos juros no ritmo que estamos indo”, avalia Da Luz. “Governo quando não respeita o balanço orçamentário gera inflação, o que torna mais difícil o trabalho do Bacen”, afirma.
A expectativa do mercado é de que o Copom faça o terceiro corte na Selic desde agosto, quando o ciclo de aperto monetário foi interrompido. Os membros do comitê já previam cortes de 0,5 ponto percentual nas reuniões do segundo semestre.
Segundo o economista da Farsul, a Selic em queda repercute em tendência de juros mais baixos para os produtores rurais. “No agro, a decisão de juros é fundamental, pois o crédito com juros livres é a regra, o controlado é a exceção. Logo, à medida que temos uma Selic caindo, temos uma tendência de juros mais baixos”, explica. A maior parte dos financiamentos do agro brasileiro é feita com recursos com juros de mercado. “Já a parte controlada, as decisões de Selic são indiferentes, pois o governo determina os juros no Plano Agrícola e Pecuário, cujo o de 2023/24 foi mantido mesmo com a perspectiva de queda da Selic, sendo este um de tantos erros do Plano atual”, critica.