ABPA afirma que Brasil tem capacidade de ampliar exportações para China
País tem passado por novos problemas relacionados à peste suína africana
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O Brasil tem capacidade de oferecer produtos de qualidade aos chineses e há espaço para ampliar exportações ao país asiático, uma vez que a carne suína brasileira ainda representa apenas 1% de todo o consumo chinês da proteína e a carne de frango representa 4%. Essas foram informações apontadas pelo diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, em evento com presença de cerca de 400 que reuniu, nesta terça-feira (28), representantes do agronegócio e do governo brasileiros e chineses em Pequim e que faz parte da agenda da visita do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao país, como divulgou a Agência Estado. Rua também mencionou que pode haver mais possibilidades caso Pequim reconheça o Rio Grande do Sul e o Paraná como estados livre de aftosa sem vacinação.
O país asiático também passa por novos casos de peste suína africana, noticiados desde o início de fevereiro. Diante disso, o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, também confirma que o país está preparado para atender a demanda dos chineses, caso o país necessite. Folador relembra que a China tem problemas com a peste suína africana desde 2019 e, em 2021 e 2022, tinha-se informações de que a situação da doença tinha se estabilizado no país. Mas, agora há relatos de que o problema com a doença se agrava novamente. “Sempre que se trata de China, informações vindas de lá, é preciso trabalhar com muita cautela porque não se sabe até onde que ela alcança, se ela é tudo aquilo que dizem, mas o que se percebe no início de 2023 é que houve um volume maior de exportações e há toda uma euforia no mercado”, afirma o presidente da Acsurs.
“Isso tudo com certeza poderá trazer melhores preços para o mercado interno brasileiro, uma melhor remuneração da carne suína importada e consequentemente uma valorização do preço pago ao suinocultor, então temos que aguardar agora os próximos meses para ver como o mercado se comporta”, avalia Folador. Segundo ele, já se observou um maior volume de exportações nos dois primeiros meses do ano, se comparado ao do ano passado, e os números preliminares de março também apontam para um crescimento. “Então, sem dúvida alguma, se confirmando esse problema mais grave novamente no rebanho chinês, o Brasil sai beneficiado para atender a demanda, como já aconteceu anteriormente”, conclui.
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Ao mesmo tempo, o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (SIPS), Rogério Kerber, expressa ceticismo. “A peste suína africana não voltou de forma avassaladora, ela ocorre em alguns criatórios chineses”, pondera. Segundo ele, as autoridades sanitárias do país asiático já estão trabalhando pesadamente para eliminar esses casos, por isso é cedo para dar uma dimensão mais abrangente ao ocorrido. Ele lembra que as primeiras notícias do reaparecimento dos casos na China começaram a vir no início de fevereiro e ainda é preciso observar se vai ocorrer um espalhamento mais generalizado para avaliar impactos em exportações para o país.
Quanto à possibilidade de chegada da doença no Brasil, Kerber afirma que a preocupação é permanente, especialmente após o surgimento de casos de peste suína africana na República Dominicana e no Haiti. “Quando chegou nas américas todos se mobilizaram para se proteger”, afirma. “No brasil, desde aquela época se teve um trabalho incessante, recomendado não viajar para esses locais, ter cuidado com os veículos, toda essa problemática periodicamente ela é reavivada para que se mantenha os cuidados necessários, então estamos fazendo comunicados permanentemente com os técnicos”, acrescenta.
Caso se confirme uma nova crise da doença no país asiático, isso pode afetar não só a suinocultura, como também outros mercados de proteína animal. “Quando há crise de peste suína africana em clientes do Brasil ou concorrentes do Brasil eles acabam abrindo mais mercado para a nossa carne suína”, diz o médico veterinário e consultor em projetos pecuários Fernando Velloso. “Diminui-se a disponibilidade de carne suína no nosso mercado doméstico e por consequência melhora-se a competitividade da carne bovina. É às vezes difícil estimar isso numericamente, qual será o impacto, mas pensando no produtor de gado e pensando na carne bovina a situação de surtos ou ocorrência de peste suína em outros países pode trazer beneficios ou melhorias pontuais para o mercado brasileiro”, avalia.