Assembleia de associados decide futuro da Languiru

Assembleia de associados decide futuro da Languiru

Proposta pela diretoria, parceria com o grupo chinês ITG e TJJT busca frear prejuízos da organização gaúcha com produção de aves e suínos

Patrícia Feiten

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Com dívidas estimadas em torno de R$ 780 milhões, a Cooperativa Languiru, de Teutônia, terá seu futuro delineado nesta quinta-feira (30), quando uma assembleia de associados decidirá se dará ou não o sinal verde ao estabelecimento de uma parceria com o grupo chinês ITG e TJJT. Em reuniões nesta segunda e na terça-feira, a organização, que desde o ano passado conduz um plano de reestruturação, detalhou sua proposta a produtores integrados de aves, suínos, grãos, bovinos de corte e leite. Para o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, os encontros foram um termômetro positivo do apoio à alternativa apresentada pela diretoria da cooperativa.

O evento desta quinta é decisivo porque, após o anúncio da assinatura do protocolo de intenções com as empresas chinesas, no dia 22 de março, a 2ª Vara Judicial da Comarca de Teutônia determinou a apreensão de bens da cooperativa, impedindo a organização de vender ativos sem a aprovação dos associados em assembleia. “(Ouvimos) depoimentos muito favoráveis. Existe um consenso, a gente não viu ninguém falar contra (a parceria). O associado é inteligente e vai optar por aquilo que é melhor para ele e também para cooperativa”, avalia Bayer.

Segundo o dirigente, a associação com o grupo chinês busca frear os prejuízos registrados pela Languiru nos segmentos de suinocultura e avicultura nos dois últimos anos, em razão do aumento dos custos de produção e dos juros elevados. “O nosso faturamento (em 2022) é de quase R$ 3 bilhões. A dívida não é problema, está dentro dos padrões recomendáveis. Estamos fazendo isso como uma medida preventiva. Para não depender tanto desses setores, encolhemos um pouco na produção de aves e suínos. Agora, estamos (buscando) uma solução complementar ao nosso programa de reestruturação”, destaca.

Caso seja aprovada a união com as empresas chinesas, será iniciado um processo de due diligence (auditoria) na cooperativa gaúcha. “Eles (os investidores) vão fazer uma investigação, conhecer bem as plantas, fazer um levantamento da situação e só aí vão optar pela parceria ou não”, explica Bayer. O plano prevê a constituição de uma joint venture, mas a participação da cooperativa gaúcha nessa nova empresa ainda não está definida. “A Languiru vai continuar naqueles setores que dão resultados. Vamos ser uma cooperativa menor, com talvez em torno de R$ 1 bilhão de faturamento, mas totalmente viável. E, com esse recurso que vai entrar, vamos poder saldar nossas dívidas mais caras e ficar apenas com o residual da dívida”, afirma o presidente da Languiru.

A aproximação com os chineses, segundo Bayer, começou durante a Expodireto Cotrijal, realizada no início deste mês em Não-Me-Toque. “Os contatos foram se fortalecendo, eles ficaram aqui durante uma semana, prorrogaram por mais sete dias, porque nossas plantas impressionam pelo nível tecnológico, e se agradaram muito”, diz o executivo. No ano passado, a organização,que tem cerca de 6 mil associados, investiu RS 125 milhões em na modernização de seu parque industrial.

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs), Darci Hartmann, diz que o impasse financeiro enfrentado pela Languiru é um problema “pontual” e descarta risco de crises semelhantes impactarem outras organizações do setor no Estado. Para odirigente, as dificuldades da cooperativa se devem à disparada dos custos de insumos usados na produção de carnes de aves e suínos, como as rações animais. A Ocergs, afirma, está monitorando as medidas adotadas pela Languiru e prestando o suporte necessário para garantir a proteção dos associados e colaboradores do grupo.

Segundo Hartmann, o cooperativo apresentou um crescimento de 11% nas receitas em 2022. As chamadas sobras – resultado financeiro positivo que é distribuído entre os cooperados ou reinvestido nas próprias organizações – aumentaram 17% no período. “Entendo que a Languiru, sozinha, não consegue sair dessas dificuldades. Ela tem de buscar parceiros para aportar recursos abrir mão de alguns ativos. A grande preocupação da Ocergs é que o produtor seja protegido, ele não pode ser chamado a pagar alguma coisa (por) que ele não tem responsabilidade”, enfatiza.

Hartmann observa que a ocorrência de duas estiagens sucessivas no Rio Grande do Sul reduziram as últimas safras de milho – principal ingrediente usado na formulação das rações animais –, aumentando a dependência das cooperativas do abastecimento de outros Estados e, consequentemente, os custos com fretes. “Nós produzimos metade do milho que consumimos. Então, tem de trazer o milho do Mato Grosso. O mercado maior (consumidor) é São Paulo, Rio de Janeiro, nós competimos com as indústrias do Paraná, que têm um custo de transporte muito menor”, destaca.

Problema "pontual"

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs), Darci Hartmann, diz que o impasse financeiro enfrentado pela Languiru é um problema “pontual” e descarta risco de crises semelhantes impactarem outras organizações do setor no Estado. Para odirigente, as dificuldades da cooperativa se devem à disparada dos custos de insumos usados na produção de carnes de aves e suínos, como as rações animais. A Ocergs, afirma, está monitorando as medidas adotadas pela Languiru e prestando o suporte necessário para garantir a proteção dos associados e colaboradores do grupo.

Segundo Hartmann, o cooperativo apresentou um crescimento de 11% nas receitas em 2022. As chamadas sobras – resultado financeiro positivo que é distribuído entre os cooperados ou reinvestido nas próprias organizações – aumentaram 17% no período. “Entendo que a Languiru, sozinha, não consegue sair dessas dificuldades. Ela tem de buscar parceiros para aportar recursos abrir mão de alguns ativos. A grande preocupação da Ocergs é que o produtor seja protegido, ele não pode ser chamado a pagar alguma coisa (por) que ele não tem responsabilidade”, enfatiza.

Hartmann observa que a ocorrência de duas estiagens sucessivas no Rio Grande do Sul reduziram as últimas safras de milho – principal ingrediente usado na formulação das rações animais –, aumentando a dependência das cooperativas do abastecimento de outros Estados e, consequentemente, os custos com fretes. “Nós produzimos metade do milho que consumimos. Então, tem de trazer o milho do Mato Grosso. O mercado maior (consumidor) é São Paulo, Rio de Janeiro, nós competimos com as indústrias do Paraná, que têm um custo de transporte muito menor”, destaca.


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