Inter tem maior gasto com futebol de sua história
Folha salarial pode chegar a R$ 17 milhões por mês com entrada dos novos contratados
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Depois de um período de instabilidade, o Inter encontrou uma forma de jogar e, utilizando uma nova turma de contratados, apresentou novas armas e animou a torcida. Atualmente, está há 13 partidas sem perder, galgou posições no Campeonato Brasileiro e prepara-se para as oitavas de final da Copa Sul-Americana. A qual preço, porém? Neste momento, apesar dos discursos em contrário dos dirigentes, o Inter ostenta o maior volume de gastos com futebol de sua história. São despendidos mais de R$ 17 milhões ao mês com salários, direitos de imagem e encargos trabalhistas e previdenciários de jogadores e comissão técnica.
O atraso de três meses no pagamento dos direitos de imagem, que se tornou público devido ao protesto dos jogadores, que decidiram não treinar na manhã de 1º de junho, ocorreu exatamente por falta de dinheiro para honrar o compromisso. “Considero o episódio (treino suspenso) superado. Os atrasos no direito de imagem são, infelizmente, uma realidade do futebol brasileiro, da qual jogadores têm conhecimento. É importante esclarecer que os salários se encontram em dia e que o clube, em todos os setores, trabalha para honrar seus compromissos. Não posso assegurar que jamais se repetirá. Mas se ocorrer, tenho certeza que, com a maturidade e capacidade de diálogo que sempre existiu entre o departamento de futebol, comissão técnica, diretores e atletas, saberemos ultrapassar eventual dificuldade. Os resultados de campo são prova do momento atual de união que atravessamos”, afirmou o vice de futebol, Emílio Papaléo, por mensagem de texto.
O problema é que nada indica que haverá uma melhora do quadro financeiro no segundo semestre. Pelo contrário. Se até março, a folha já batia nos R$ 15,6 milhões mensais, a chegada dos novos contratados não faz melhorar a situação. Pelo contrário, entrega mais alternativas para Mano Menezes, mas aumenta o consumo de dinheiro. Em abril, chegaram Alan Patrick, Carlos de Pena, Vitão, Pedro Henrique e Renê. Os quatro primeiros vieram da Europa, acostumados com salários pagos em euros. O último estava no Flamengo antes de ser contratado. Por outro lado, saíram Victor Cuesta e Palacios, para Botafogo e Vasco. Entre saídas e chegadas que aconteceram a partir de março, estima-se que a folha tenha sido majorada em pelo menos R$ 1,5 milhão, batendo nos R$ 17 milhões/mês.
O alto investimento fica evidente quando se analisa o orçamento, que foi aprovado pelo Conselho Deliberativo e deveria guiar receitas e despesas do clube ao longo de 2022 já demonstra um desequilíbrio no futebol. Nos primeiros três meses do ano – portanto antes da chegada dos últimos cinco reforços –, a vice-presidência de futebol consumiu R$ 46,8 milhões, bem mais que os R$ 40,3 milhões que estavam previstos. O valor já representa quase um terço do orçamento total do ano para a área, que é de R$ 153,7 milhões.
Média mensal
Gastos de janeiro a março com folha salarial
2020 R$ 15,8 milhões
2021 R$ 14,9 milhões
2022 R$ 15,6 milhões
Atrasos não devem se repetir
O atraso no pagamento dos direitos de imagem por três meses, que resultou no adiamento de um treino no início do mês, foi circunstancial e não deve se repetir. Pelo menos, é o que estima Giovane Zanardo, CEO do Inter. “Foi um atraso pontual. Daqui para a frente, temos a perspectiva de manter um fluxo regular de pagamentos”, afirmou Zanardo. Ele salienta que o atraso contemplou apenas os direitos de imagem e que os salários estão em dia. “Naquele mesmo dia, pagamos dois meses e, em seguida, quitaremos o resto. Um atraso ou outro pode ocorrer, mas não por esse tempo”, disse.
Inter tem pendência com Ramírez
O atraso no pagamento da multa rescisória do contrato de Miguel Ángel Ramirez levou o Inter à Fifa. Se a quitação não ocorresse, a entidade poderia ter imposto o “transfer ban”, que é uma punição administrativa que impede um clube de realizar qualquer negociação de jogadores. Após uma repactuação, o técnico retirou a ação, mas ainda não recebeu todos os valores. “Fomos pacientes e agora só falta pagar uns 20% da dívida. Acreditamos que nos próximos dez dias tudo estará encaminhado”, afirmou o Rodrigo Errasti, assessor do técnico. A rescisão antecipada custou R$ 8 milhões ao Inter.