Peritos do IGP evitam conclusões sobre o que foi dito por Rafael Ramos a Edenilson
Meio-campista do Inter acusou o lateral-direito do Corinthians de racismo
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O Instituto-Geral de Perícias enviou, nesta quarta-feira, à 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, o laudo pericial sobre o pedido de perícia de leitura labial referente aos fatos ocorridos no segundo tempo do empate entre Inter e Corinthians por 2 a 2, no Beira-Rio. Segundo o IGP, não é possível identificar o que foi dito por Rafael Ramos a Edenilson. O meio-campista do Inter acusou o lateral-direito do Corinthians de racismo ao proferir a palavra "macaco".
"Por essas razões, é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido pelo jogador na cena questionada", diz uma parte da nota divulgado pelo IGP à imprensa. O laudo pericial possui 40 páginas e é assinado por dois peritos criminais da Seção de Áudio e Imagens do Departamento de Criminalística do instituto.
O IGP analisou quatro vídeos, onde as imagens foram tratadas por softwares de melhoramento, e 41 frames foram extraídos: "Quatro vídeos foram enviados para análise. Um deles foi selecionado, por apresentar maior extensão da cena questionada e melhor qualidade de sinal. As imagens foram tratadas com softwares de melhoramento e apresentaram qualidade suficiente para análise. Da cena questionada, foram extraídos 41 frames".
Porém, mesmo com todo esse aparato, não foi possível identificar movimentos internos da boca do jogador português: "Não sendo possível identificar os movimentos realizados na porção interna da cavidade oral do jogador de camiseta branca, é tecnicamente inviável localizar todos os vestígios que definem a sequência de consoantes e vogais emitidas. A maior parte dos gestos que compõem a fala ocorrem justamente no ambiente intraoral ou em outras porções internas, como a faringe e a laringe. Nem em vídeos com excelente qualidade de imagem é possível obter as informações do que se passa na parte não visível do aparelho fonador".
O caso também está sendo investigado na esfera esportiva. Rafael Ramos e Edenilson foram ouvidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva e mantiveram as versões apresentadas anteriormente. Segundo Paulo Feuz, auditor do pleno do STJD, as investigações prosseguirão e uma "perícia idônea" será contratada para analisar as imagens em que o camisa 8 colorado acusa o camisa 21 corintiano. A previsão de conclusão do inquérito é de, no mínimo, 30 dias.
"Na competência desportiva, iremos dar seguimento e entender como proceder com a definição do caso. Iremos buscar uma perícia idônea, buscando justamente dar transparência para a sociedade", disse o auditor-relator do caso em entrevista na Rádio Guaíba.
Rafael Ramos pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que pune atos discriminatórios. A pena é de cinco a dez partidas afastado de campo, além de uma multa de até R$ 100 mil.
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