"Messi segue como um menino de vinte anos", elogia Burruchaga
Campeão em 1986, o ex-jogador falou sobre a conquista e a expectativa no craque para domingo
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Jorge Burruchaga entrou para a história da Argentina como o autor do gol que deu ao seu país o segundo e, até este momento, último título mundial, na Copa do México-1986. Agora, no Catar, ele manifestou em entrevista à AFP sua admiração por Lionel Messi e está confiante em que o astro possa fazer o mesmo que ele na final de domingo.
Com 2 a 2 no placar, Burruchaga - que hoje tem 60 anos - marcou aos 84 minutos o gol da vitória por 3 a 2 sobre a Alemanha Ocidental no estádio Azteca, escrevendo uma página na história da 'geração Maradona' . Messi, de 35 anos, parece diante de sua última chance de repetir aquela glória.
Pergunta: O Messi da Copa do Catar-2022 tem o peso do Maradona de 1986?
Resposta: "Sem dúvida. Assim como para nós (o técnico Carlos) Bilardo nos disse desde o primeiro momento nesses oito anos que convivemos com ele que o time era Maradona e mais dez, essa seleção vem sendo Messi e mais dez. É o melhor do mundo há vinte anos. Está jogando de outra forma, apropriada à sua idade e à equipe que tem ao seu redor. Está dando mais assistências, dá aqueles dribles dele, mas talvez com menos frequência do que oito ou quatro anos atrás. No Brasil (no título da Copa América em 2021) esse peso foi tirado de seus ombros e estamos vendo outro Messi".
P: O lugar de Messi na história mudará se ele não vencer a Copa do Mundo neste domingo?
R: "Isso nunca deve ser levantado. Messi não vai ser mais ou menos que Maradona, ou outro, ganhando ou perdendo. Messi vai ficar na história. São cinco jogadores que nos últimos setenta anos marcaram ao ser os melhores da história mundial: Di Stéfano, Johan Cruyff, Pelé, Maradona, Messi. Quatro são sul-americanos. Messi vai estar lá, ganhando ou não. Espero que ele ganhe a Copa do Mundo, que é o que queremos como argentinos. Principalmente para ele, em seu último desafio, por tantas críticas que lhe lançaram, aquela história de que ele não sentia a camisa. Ele tem 35 anos e segue como um menino de vinte".
P: O que você achou da semifinal vencida pela Argentina contra a Croácia?
R: "Uma partida estupenda da Argentina. Exceto nos primeiros vinte e cinco minutos, onde houve uma disputa acirrada e eles dominaram o jogo tendo a posse de bola. O time soube então equilibrar. Os dois gols antes do intervalo foram decisivos e a segunda etapa foi um jogo de sentido único, em que a Argentina foi uma verdadeira equipe, com Messi na sua plenitude. O time precisava disso, mostrou sua força, se superou e agora resta um jogo"
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P: O que aquele gol histórico na final de 1986 significou para você?
R: "Foi o momento mais feliz da minha vida. Convenhamos que a repercussão não era a mesma de agora, os números não foram os mesmos de agora (risos). Hoje tudo é muito mais massivo, hoje tudo transcende muito mais rápido. Mas sem dúvida, tenho guardado no meu coração, tenho guardado nas minhas imagens, tenho guardado quando quero lembrar e pensar novamente nisso, e ainda mais nesta fase da Copa do Mundo. Se passaram 36 anos, metade da minha vida. Com isso estou satisfeito, por ter conseguido o que pouquíssimos conseguiram".
P: Como foi sua volta à Argentina depois daquele título no México?
R: "Bilardo nos obrigava a voltar para a Argentina depois das Copas do Mundo. Agora os tempos são outros. Foi algo magnífico porque quando você vê o seu país, que te recebe, com os torcedores de todos os times de futebol argentinos e de todas as categorias, não há melhor recompensa do que ver a alegria daquelas pessoas, jovens e velhos, que ficaram felizes com algo que você conseguiu dar a eles. O futebol, principalmente na Argentina, nos faz esquecer os problemas que temos. O mês da Copa do Mundo é um mês único e é assim que estamos vivendo agora também".
P: Como você avalia o futebol desta Copa do Mundo no Catar?
R: "Até agora, eu não gostei muito da Copa do Mundo. Sinceramente, não vi grandes partidas, exceto por exemplo a da Inglaterra contra a França (nas quartas de final), que na minha opinião foi o melhor jogo porque os 90 minutos foram bons. Era o jogo que merecia a prorrogação, se (o inglês Harry) Kane tivesse convertido aquele pênalti no final. Fora isso não vi grandes jogos, foram jogos monótonos. Se achava que os jogadores iam vir mais descansados e vi times que andavam em campo. Não vi grandes atuações individuais. Neymar se machucou, (Cristiano) Ronaldo não jogou. Foi uma Copa do Mundo estranha. A Alemanha foi eliminada rápido e os favoritos perderam pelo menos um jogo. Não acho que seja um bom Mundial".