Morre Pelé, o Rei do Futebol, aos 82 anos
Com mais de 1000 gols, ex-camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira foi eleito o jogador do Século XX
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O mundo chora a morte do maior jogador de futebol: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Nascido em Três Corações, o eterno camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira morreu nesta quinta, aos 82 anos, meses depois de ter sido diagnosticado com um câncer. Tricampeão mundial com o Brasil, sendo o primeiro título conquistado com 17 anos e com direito a golaço na final. Pelé virou lenda, se tornou imortal.
Desde o fim de 2012 que o estado de saúde de Pelé passou a preocupar parentes, amigos e fãs. Naquele ano, ele colocou uma prótese no quadril por causa de uma fibrose. Em novembro de 2014, foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a problemas no sistema urinário decorrentes de cálculos renais, ureterais e vesicais que causaram obstrução do fluxo urinário. Dias após receber alta médica, o ex-jogador voltou a passar mal e precisou ser internado novamente, sendo submetido a hemodiálise.
Em 2015, Pelé teve que voltar ao mesmo hospital duas vezes para se submeter a novos procedimentos cirúrgicos. Em maio, ele passou por uma cirurgia na próstata. Em julho, foi operado para aliviar dores na coluna. Os problemas de saúde forçaram Pelé a deixar de presenciar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele estava cotado para acender a Tocha Olímpica, mas afirmou que, naquele momento, não tinha "condições físicas de participar da abertura da Olimpíada".
No ano seguinte, o ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira participou do sorteio dos jogos da Copa do Mundo de 2018, em Moscou, sentado em uma cadeira de rodas. Este ano, passou mal em um evento em Paris, tendo que ser internado. No retorno para o Brasil, foi levado para o Albert Einstein.
Mais recentemente, Pelé havia iniciado um tratamento contra um tumor no cólon em 2021. Ele precisava ir ao hospital com frequência para dar seguimento ao atendimento e receber uma avaliação. No começo de dezembro, surgiu a notícia de que o ex-camisa 10 da Seleção Brasileira não respondia mais ao tratamento contra o câncer. Além disso, medidas paliativas foram iniciadas para evitar a dor e conceder o mínimo de conforto ao craque. Pelé permaneceu internado durante a Copa do Mundo e realizou manifestações pelas redes sociais comentando o desempenho do Brasil, apoio para Neymar e o título da Argentina.
Na última semana, o Rei do Futebol apresentou uma piora e precisou de cuidados renais e cardíacos.
Trajetória
Marcou mais de 1000 gols, feito inédito até hoje. Marcou 58 gols em uma única edição de campeonato. Outro feito inédito. Das ruas de chão batido de Três Corações para o mundo. Artilheiro nato, Pelé foi o símbolo do futebol arte. Precisão, chute potente, visão de jogo, rapidez, inteligência para antecipar a jogada, passes magistrais, força física e resistência. Foi também um exímio cabeceador. Dentro de campo parecia flutuar. A bola sempre grudada ao pé. Habilidoso, driblador, deixando adversários caídos no gramado e torcedores boquiabertos nas arquibancadas.
Edson Arantes do Nascimento nasceu na pequena Três Corações, em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940. Hoje, o município possui uma rua em homenagem ao ex-jogador, uma estátua e um museu. Seu pai, João Ramos do Nascimento,o Dondinho, atuou profissionalmente. Na família, seu apelido era Dico. O Pelé veio dos colegas de escola, uma vez que o Rei do Futebol não pronunciava o nome do goleiro do Vasco, Bilé, seu jogador predileto, de forma correta. Em sua autobiografia, Pelé afirmou que não tinha ideia do que o nome significava, nem seus velhos amigos. A infância foi pobre, de muitas dificuldades. Pelé cresceu em Bauru, interior de São Paulo. Trabalhou para ajudar em casa numa loja de chá. A admiração pelo futebol veio do pai, ex-jogador. Sem dinheiro, improvisava para jogar. Uma meia recheada com jornal e amarrada com uma corda servia como bola.
Pelé chega ao Santos Futebol Clube com 15 anos, um menino. No ano seguinte já integrava a Seleção Brasileira e com 17 foi campeão mundial com o Brasil na Copa de 1958, na Suécia. Defendendo o alvinegro praiano, Pelé conquistou títulos estaduais, nacionais e internacionais, tendo chegado ao ápice em 1962 e 1963. Na Seleção, brilhou como menino prodígio em 58, se machucou em 62 e foi ao topo no México em 1970, na Seleção que encantou o mundo. Depois de deixar o Santos em 1974, foi jogar no New York Cosmos, onde encerrou sua carreira após dois anos nos Estados Unidos.
Recebeu o título de Atleta do Século de todos os esportes em 15 de maio de 1981, eleito pelo jornal francês L'Equipe. No fim de 1999, o Comitê Olímpico Internacional, após uma votação internacional entre todos os Comitês Olímpicos Nacionais associados, elegeu Pelé o "Atleta do Século" e em 2016, pelas mãos do então presidente Thomas Bach, o condecorou com a Ordem Olímpica, a mais alta condecoração oferecida pelo COI. A FIFA também o elegeu, em 2000, numa votação feita por renomados ex-atletas e ex-treinadores como O Jogador de Futebol do Século XX.
Títulos - Santos
Campeonato Paulista: 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973
Torneio Rio-São Paulo: 1959, 1963, 1964 e 1966
Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968
Taça Libertadores da América: 1962 e 1963
Copa Intercontinental (Mundial de Clubes): 1962 e 1963
Supercopa Sulamericana dos Campeões Intercontinentais: 1968
Recopa dos Campeões Intercontinentais: 1968
New York Cosmos
Liga Norte-Americana de Futebol: 1977
Seleção Brasileira
Copa do Mundo: 1958, 1962 e 1970
Copa Rocca: 1957 e 1963
Taça do Atlântico: 1960
Copa Oswaldo Cruz: 1958, 1962 e 1968
Taça Bernardo O'Higgins: 1959
Prêmios individuais
Ballon D'Or:1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1964 e 1970[115]
Melhor jogador jovem da Copa do Mundo: 1958
Bola de Prata da Copa do Mundo: 1958
Chuteira de prata da Copa do Mundo: 1958
Craque do time das estrelas da Copa do Mundo: 1958
BBC Personalidade Esportiva do Ano: 1970 e 2005
Melhor jogador Sul-americano do ano: 1973
Atleta do Século, eleito por jornalistas do mundo todo, na pesquisa realizada pelo jornal L'Équipe: 1981
Bola de Ouro Especial da revista Placar: 1987
Cavaleiro Comandante da Ordem do Império Britânico: 1997
Atleta do Século, eleito pelo Comitê Olímpico Internacional: 1999
Atleta do Século, eleito pelos jornalistas da Agência de Notícias Reuters: 1999
Jogador de Futebol do Século, escolhido pela UNICEF: 1999
Jogador de Futebol do Século, eleito pelos vencedores da Bola de Ouro da revista France Football: 1999
Maior jogador do Século XX pela IFFHS: 1999
Maior jogador Sulamericano do Século XX Pela IFFHS: 1999
Melhor Jogador do Século da FIFA: 2000
Laureus World Sports Awards, prêmio pela carreira, entregue pelo Presidente Sul-Africano Nelson Mandela: 2000
Prêmio FIFA Ballon d'Or Honorária, entregue pelo Presidente da FIFA Joseph Blatter: 2014
Ordem Olímpica, maior condecoração do COI, entregue, em Santos, pelo presidente Thomas Bach: 2016[24]
Artilharias
Santos
Campeonato Paulista de 1957 (20 gols)
Campeonato Paulista de 1958 (58 gols) - Recorde da competição
Campeonato Paulista de 1959 (45 gols)
Campeonato Paulista de 1960 (34 gols)
Campeonato Paulista de 1961 (47 gols)
Campeonato Brasileiro de 1961 (9 gols)
Campeonato Paulista de 1962 (37 gols)
Copa Intercontinental de 1962 (5 gols)
Torneio Rio-São Paulo de 1963 (14 gols)
Campeonato Paulista de 1963 (22 gols)
Copa Intercontinental de 1963 (2 gols)
Campeonato Paulista de 1964 (34 gols)
Campeonato Brasileiro de 1964 (7 gols)
Campeonato Paulista de 1965 (49 gols)
Copa Libertadores da América de 1965 (8 gols)
Campeonato Paulista de 1968 (26 gols)
Campeonato Paulista de 1973 (11 gols)
Seleção Brasileira
Copa Roca de 1957 (2 gols)
Copa América de 1959 ( 8 gols)
Copa Roca de 1963 (3 gols)
Gol 500
Marcado em 2 de setembro de 1962, na partida Santos 3–3 São Paulo, pelo Campeonato Paulista.
Gol 1000
Marcado em 19 de novembro de 1969, às 23h23m, Vasco 1–2 Santos, com 65.157 pagantes. A partida era válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Campeonato Brasileiro da época.