Neymar afirma em julgamento que assinava os documentos solicitados pelo pai
Processo tem relação com supostas irregularidades na transferência do Santos para o Barcelona
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O craque brasileiro Neymar afirmou nesta terça-feira (18) que assinava os documentos apresentados por seu pai, ao prestar depoimento sobre as supostas irregularidades na polêmica transferência do Santos para o Barcelona em 2013. "Eu assino o que ele pede", afirmou Neymar em uma breve declaração durante as perguntas dos representantes do Ministério Público.
Questionado se intercedeu nos contatos com o Barcelona para sua transferência, o agora atacante do Paris Saint-Germain, de 30 anos, disse que não lembrava e sobre as negociações de contratos afirmou: "Meu pai sempre cuidou de tudo, sempre foi responsável por isso". Previsto a princípio para uma data posterior, o depoimento do camisa 10 da seleção na Audiência de Barcelona foi antecipado para esta terça-feira a pedido de seus advogados, que alegaram que o atacante deve jogar pelo PSG na sexta-feira (campeonato francês e na próxima terça-feira (Liga dos Campeões).
Ele não precisará retornar presencialmente ao julgamento, mas é possível que tenha que falar novamente até o fim do processo, em 31 de outubro, por videoconferência. Na segunda-feira, a defesa de Neymar, que a partir de 20 de novembro comandará a seleção do Brasil na Copa do Mundo do Catar, conseguiu autorização para que o atacante e seus pais, também processados, deixassem o tribunal por algumas horas durante a audiência inicial.
O motivo? O jogador estava cansado depois de disputar uma partida no domingo à noite, quando fez o gol da vitória do PSG contra o Olympique de Marselha pelo campeonato francês.
Valor oculto
Acusado do crime de corrupção empresarial, o Ministério Público pede para Neymar dois anos de prisão e o pagamento de multa de 10 milhões de euros. Seus pais, os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu e o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho também são processados, assim como três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais do jogador para administrar sua carreira.
Todos são acusados pelo fundo de investimentos DIS, que possuía parte dos direitos econômicos de Neymar quando ele era uma jovem promessa, pela suposta ocultação do valor real de sua transferência para o Barça em Barça em 2013. O FC Barcelona anunciou em um primeiro momento que a contratação de Neymar custou 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), mas a justiça espanhola calculou que a operação custou ao menos 83 milhões de euros.
Para o DIS - fundo de investimento esportivo que pertencia ao grupo brasileiro de supermercados Sonda -, o Barça, Neymar e mais tarde o Santos se aliaram para ocultar o valor real da operação por meio de outros contratos dos quais ficou de fora. A empresa, que adquiriu 40% dos direitos econômicos do jogador em 2009, recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro.
Por considerar-se duplamente prejudicado, tanto por não ter recebido sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barça - que impediu outros clubes de disputar a contratação do atacante -, o fundo DIS pede a restituição dos 35 milhões de euros que calcula ter perdido. Como acusação particular, o grupo pede ainda cinco anos de prisão para o jogador, Rosell e Bartomeu, além de multas milionárias. Os advogados do brasileiro negam qualquer irregularidade e afirmam que a Espanha não tem competência legal para o caso.
Os jogadores vão para onde querem
Convocado para prestar depoimento pela Promotoria, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, foi conciso. Ele confirmou que em 2011 o clube merengue ofereceu 45 milhões de euros por Neymar, mas disse que não participou diretamente das negociações e que, em última análise, "os jogadores (...) vão para onde querem e neste caso eu acredito que Neymar queria ir para o Barcelona".
Este processo conhecido como "Neymar 2" é o capítulo mais recente da saga judicial provocada pela transferência do atacante para o Barcelona em 2013, que incluiu uma multa de 5,5 milhões de euros por irregularidades fiscais para o clube catalão, além de várias ações judiciais iniciadas após a saída abrupta do jogador para o PSG em 2017. Finalmente, o clube e o camisa 10 da seleção brasileira chegaram a um acordo "amistoso" no ano passado para encerrar todos os procedimentos judiciais pendentes.